Dançarinas com minúsculos biquinis e rostos vendados são ferramentas corriqueiras de marketing no país da famosa dança da garrafa. Tudo pela audiência, tudo para acordar o imaginário masculino e gerar consumo. A própria Dança dos Sete Véus ganha, aqui e ali, uma subliminar conotação de strip-tease.
Pois, direto de Goiânia, a experiente bailarina, professora e coreógrafa Nancy Ribeiro faz um alerta às leitoras do Absoluta no sentido de filtrarmos as distorções da mídia quanto à sensualidade artística e mergulharmos no verdadeiro espírito da bailarina de dança do ventre - que vai muito além do requebrar de quadris.
Desde que recebi do Absoluta o convite para falar sobre essa arte que me movimenta, venho pensando em como transmitir o seu verdadeiro valor. Ter a certeza da veracidade dos textos é de suma importância na mídia. E, hoje, poder contar com esta publicação do Absoluta para desmistificar o que já vem sendo vendido para as pessoas é de grande valia.
Infelizmente, a maioria das praticantes foi apresentada à Arte através de produtos de marketing como grupos de axé e dançarinas com minúsculos biquinis com rostos vendados - abusivas amostragens da "dança" como oferenda ao imaginário masculino. Claro, isso é que gera o famoso Ibope, não é mesmo? Um exemplo é o mito da Dança dos Sete Véus. Com toda a sua simbologia, é distorcida passando a ter uma conotação de strip-tease.
Vamos colocar cada qual no seu devido lugar. Aliás, no nosso país a palavra "sensualidade" é usada tanto para o seu sentido real quanto para o sexual. Quem não ouviu falar da "sensual dança da garrafa"? Pois a Dança Oriental Árabe é sensual por resgatar o estereótipo feminino, um dos seus inúmeros benefícios proporcionados. A mulher que pratica tem ciência do seu próprio corpo, promovendo o auto-conhecimento, a auto-estima e o despertar da mulher interior.
Com isso, vê os benefícios da dança chegando até no campo energético, descongestionando os chakras e plexos, liberando tensões, descontraindo, relaxando, libertando emoções reprimidas e purificando a mente. Mas, dançar para o parceiro não é o objetivo desta, e mesmo se for da vontade da que a procura, ela a fará de uma forma diferente da qual é feita por uma bailarina profissional. O que não a impede também dedicar seu trabalho para uma pessoa especial, assim como um jogador oferece seu gol ou um cantor, sua música.
A verdadeira bailarina de Dança do Ventre dedica-se ao estudo da Arte, desde a sua história até a interpretação necessária e condizente à que retrata. Para alguns que ainda crêem que é apenas um "requebrar" de quadris, vale lembrar que antes de taxar "pré"-conceitos, não devemos aceitar tudo o que é visto na mídia e, sim, procurar informações vindas de pessoas qualificadas sobre a cultura e a riqueza da dança de um povo.
Nancy Ribeiro
Bailarina, Professora e Coreógrafa
www.nancyribeiro.com.br
nancyribeiro.spaces.live.com
nancyinci@yahoo.com.br
GOIÂNIA/GO
Fotos: Arquivo pessoal
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