Alisar, esticar e levantar? Que beleza é esta?!!!

Muitas e muitas mulheres vivem como reféns de sérias encucações com relação a estrias, cabelos, quilos, celulites e por aí vai... Carla Lampert, terapeuta e focalizadora de círculos femininos, nos convida aqui a pensar por quantas distorções a beleza tem passado nesse mundo moderno e alerta: você nasceu perfeita, acredite nisso!!
Mulher bonita - você sabe - é a mulher de bem consigo mesma...

"Toda alma é linda, mas é rara a pessoa que conserva firme a memória da realidade da alma diante da ilusão que é o corpo que determina a beleza."
A beleza física nunca será capaz de sustentar a falta de beleza interior.
Por isso, quando falta o brilho interior, mesmo que a pessoa seja bonita do ponto de vista estético, torna-se desinteressante assim que vamos conhecendo sua essência, ou a falta dela.
A beleza interior, sim! É essa a beleza que decide e que faz a diferença, que conquista admiração. Essa beleza real não pode ser fingida ou imitada, precisa ser conquistada e mantida, portanto é a beleza mais difícil de se conseguir. Pós-operatório de cirurgia plástica é "fichinha" perto do esmero necessário para nos tornarmos realmente belos do ponto de vista humano. Ser feliz dá trabalho, ficar bonita dá trabalho, mas se tornar bonita por dentro dá mais trabalho ainda...
A super-valorização da beleza estética e física é uma falsidade que em última instância só estimula a competição. Sabe aquela pessoa que vive imitando tudo que uma outra veste, usa e faz? Por que estaria ela mais preocupada em ser como a outra do que ela mesma? Muito perspicaz quem inventou este sistema de beleza produzida, programada, pois assim uma legião de mulheres com baixa auto-estima nunca vai se achar bonita o suficiente e parar de competir com as outras, gerando infinitos lucros ao modo de produção capitalista e infinita preocupação sobre a própria beleza insuficiente.
Antigamente, cada cultura tinha sua própria tradição sobre a beleza, e os valores de cada povo e de cada cultura determinavam isso. Como agora a beleza é um meio de lucro e o negócio tem que render bem, a mídia nos bombardeia diariamente, investindo pesado em tornar a cultura o mais homogênea possível, ditando valores externos e artificiais aos que sempre existiram. A globalização faz isso, ela destrói culturas e valores próprios de um povo para, em seguida, pulverizar a moda do momento e vender suas quinquilharias que vão fazer todo mundo se sentir incluído novamente. Perversamente lucrativo.

Falta de respeito em nome da beleza - Por exemplo, agora temos a moda do liso. Já perceberam que para ser bonitinho todo mundo tem que ser liso? O cabelo tem que ser liso, o rosto lisinho, pernas absolutamente lisas, sem celulite, sem estrias, sem varizes, sem pêlos no corpo... Ou seja, um empenho interminável em tentar permanecer liso apesar do tempo, em esticar e levantar o que a natureza inexoravelmente vai enrugar e derrubar.
Está acontecendo muita falta de respeito pelas pessoas em nome dessa beleza que, na verdade, chama-se vaidade. Falta de respeito pela individualidade, pelas mulheres, pelos ciclos de vida natural das pessoas.
Cronos, o Senhor do Tempo, agora é marca de creme anti-rugas, porque ser velho virou sinônimo de feiúra, coisa ultrapassada. É feio até falar essa palavra, preferível dizer "melhor idade". Quanta hipocrisia, quem é que pode viver a melhor idade em paz numa sociedade que cultua a juventude eterna?
A falta de respeito já atingiu também o mundo infantil. É necessária atenção sobre este ponto, pois a mídia, a propaganda e a cultura de massa já estão estimulando as crianças com uma vaidade totalmente descabida e um despertar da sexualidade fora de hora! Estão ensinando às meninas como se tornarem objetos de desejo em tenra idade.
Crianças são o que de mais belo existe no mundo e, mesmo assim, não é o suficiente? Tem que parecer uma mulherzinha, colocar sutiã com enchimento, batom nos lábios, mini-saia e dançar o "créu"? Recadinho aos pais e mães que permitem isso: estão oferecendo suas filhas aos pedófilos de plantão. Pronto, falei!
Quem entra nesse jogo da vaidade acaba acreditando que é um corpo ao invés de entender que apenas está num corpo. E, assim, vive investindo numa utópica perfeição. Mas cabe aqui a pergunta: alguém saberia me dizer o que é "a perfeição"? Ou melhor, o perfeito para mim e para você e para o resto do mundo são a mesma coisa? É claro que não: quem quer que pensemos assim são os capitalistas e a publicidade e propaganda dos produtos do capitalismo selvagem. Estes ganham dinheiro criando e perpetuando novas dependências e necessidades que possam ser vendidas em forma de produtos para as pessoas.
Hoje em dia compra-se tudo, com este conceito agregado de que serei mais bonito e prestigiado se possuir tais bens de consumo. Assim, a sociedade passou a dar mais importância ao Ter do que ao Ser. Pois pra "ser", tem que "ter". Será mesmo que tudo que é importante pode ser comprado? Já sabemos que tanta produção, tanto consumismo e artificialismo estão levando o planeta e as pessoas à degradação. A própria vida humana está ameaçada por conta disso, será que as pessoas vão colocar a mão na consciência e acordar antes que seja tarde demais?

Dane-se o tanquinho, se for de ogro - E, no que tange aos relacionamentos, como fica a questão da beleza feminina? Homens sensíveis e maduros querem mulheres mais interessantes e mais interessadas na sua real beleza. Ou seja, os homens que realmente nos interessam não estão preocupados com barriguinha, chapinha e linhas de expressão. Um corpinho bonito atrai olhares e desejos, nem sempre duradouros, mas singularidade, autoconfiança, personalidade e atitude apaixonam e conquistam! Portanto, é na sua própria unicidade que a pessoa se descobre bonita e pode exalar esta beleza, bem diferente de padronização, massificação e modismos. Beleza vazia não dá jogo. O homem mais lindo do mundo passa a ser feio, se for grosseiro, irônico, pretensioso ou interesseiro. Arrogância e machismo então nem se fala, o indivíduo cai pro último lugar da cadeia alimentar. Homem sem educação no trânsito, por exemplo, não dá pra agüentar nem se tiver barriga de tanquinho. Dane-se o tanquinho, se o tanquinho tem um comportamento de ogro. Dane-se o requinte, a classe e a elegância, se lá dentro não tiver gente de verdade e um grande coração.
E tem mais: homens que se preocupam demais com a beleza física das mulheres não são indivíduos que realmente possam merecer nosso interesse, muito menos nossa confiança. Porque não podemos desperdiçar nossa companhia com alguém que mede nosso valor só pelo tamanho dos peitos.
Neste mundo onde ainda impera o ilusório, temos que aprender a tirar os véus da ilusão que deturpam a nossa visão do que é verdadeiro, temos que voltar a ver com os olhos da alma. Existiriam bem menos separações se conseguíssemos enxergar mais o essencial das pessoas e menos corpo e carinha bonita. Isso demonstra como ainda nos levamos por aparências, como acreditamos nelas e como nos chocamos com uma realidade bem desagradável depois, quando o real não corresponde à imagem, quando a convivência faz cair todas as máscaras até podermos ver o que é real. Porque, com o passar do tempo, nada poderá mais disfarçar o verdadeiro eu. Só dinheiro e vaidade não suprirão infinitamente pessoas e relacionamentos vazios.


Viva a diversidade, viva a todas as belezas diferentes - Ser diferente não é ser feia, nem estar errada. Ninguém pode determinar o que é bonito para uma pessoa, pois é natural que cada uma tenha suas próprias referências do que é beleza, é um conceito íntimo e pessoal, não pode ser substituído por um modelo pré-fabricado e posto à venda. Toda unanimidade é burra. Quanto maior a idolatria pelo outro, maior o desrespeito consigo, pois a pessoa deixa de honrar o que é para tentar ser igual aquilo que acham que é melhor que ela. Mas ninguém é melhor ou pior. Diferente, sim, melhor não; isso é um falso conceito e já está começando a cair por terra, graças às transformações sociais e pessoais que estamos vivenciando. Você já nasceu perfeita! Infelizmente, algumas pessoas só descobrem isso depois de dar voltas e voltas até chegarem à conclusão que para se sentirem bonitas e felizes precisam simplesmente ser elas mesmas.
Mulher, vai viver! Pára com essa manha, com essa ladainha de "sou feia, tenho barriga, ai essa estria, meu cabelo é horrível, aí engordei três quilos, ai, ai, ai...", vamos parar um pouco de nos queixar.
Pense comigo: será que a mulher está sendo escrava de si mesma porque alguém no passado não a aceitou como ela era? Alguém disse ou fez sentir que ela não valia nada e ela acreditou e aí passou a ter atitudes destrutivas consigo mesma, praticamente assinando embaixo dessa sentença diariamente? Será que, a partir disso, ela tenta desesperadamente ser o que não é, para aí, finalmente, ser "aprovada"? E o nosso sistema de produção e consumo, parece atender tão bem a esta necessidade sem fim... Enquanto durar a crença, perdurará a dependência.
Auto-aceitação é o primeiro passo para a felicidade. Quem se aceita, começa a descobrir uma beleza única, a própria beleza, o próprio poder pessoal, natural a todas as pessoas. Cada uma é o que é, uma mulher pode ser bonita porque é meiga, outra porque é contestadora, uma mulher pode ser linda porque é mãe e a outra pode ser bela porque escolheu não ter filhos e viajar pelo mundo. Uma é bonita porque é loira e a outra é linda e negra. Bonita porque é da paz, bonita porque é guerreira. Bonita porque é freira, bonita porque é sedutora. Bonita porque é autêntica. Bonita porque é simples. Bonita porque é humanitária, bonita porque é bruxa. Bonita porque todo dia levanta da cama e vai cumprir a sua missão nesta vida. Bonita porque é verdadeira. Bonita porque vive a sua realidade.
Beleza é subjetividade, não pode ser unanimidade. Beleza é a unicidade de cada um - quanto maior a autenticidade, maior a beleza. Isso é mágico. Aceitação é resolução. Não necessite da aprovação do povo para ser feliz, pois isso será a maior fonte de problemas desnecessários para você.
Não sei quem é mais bonita, mas sabe quem é mais feliz? Quem cuida da sua vida e é autêntica, quem respeita aos outros e sobretudo a si mesma, quem se consagra, quem dá sentido à própria vida, quem vive a beleza da alma.

CARLA LAMPERT
Coordenadora do Magdala, Clã Feminino Essencial -RS: Estudos da Espiritualidade Feminina, Theaterapia e Caminho Sagrado Feminino, Terapeuta e Mestre Reiki, Relações Públicas, Bailarina e Professora de Dança do Sagrado Feminino
www.femininoessencial.blogspot.com
http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=6860311521198689138
carlalampert@yahoo.com.br
PORTO ALEGRE/RS

Foto (dir.): PATRÍCIA DAUTH, Modelo e Estudante

Ilustrações: www.doctormacro.com e www.sxc.hu

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